Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos

Humilde até o fim, Mujica se despede como viveu: com dignidade, coragem e amor pelo povo.

Por Administrador

Publicado em 08/05/2025 21:44 • Atualizado 14/05/2025 12:46

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Símbolo da resistência e da simplicidade na política latino-americana, Mujica enfrentava um câncer terminal e recebia cuidados paliativos.

Faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, o ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica. Conhecido mundialmente por seu estilo de vida simples e sua trajetória marcada pela luta política, Mujica estava em cuidados paliativos devido a um câncer terminal no esôfago.

Trajetória de luta e resistência

José Alberto Mujica Cordano nasceu em 20 de maio de 1935, em Montevidéu, capital do Uruguai. Órfão de pai desde cedo, foi influenciado pela família materna e desde jovem engajou-se politicamente.

Nos anos 1960, diante da crise social e da crescente presença militar no governo uruguaio, Mujica ingressou na luta armada como integrante do grupo de esquerda Tupamaros. Preso diversas vezes, protagonizou uma fuga histórica com mais de cem companheiros. Acabou recapturado e passou 15 anos na prisão, incluindo longos períodos de solitária e tortura.

Com o fim da ditadura militar uruguaia em 1985, Mujica foi libertado ao lado de outros presos políticos. Ainda hoje, cerca de 200 pessoas seguem desaparecidas no país vizinho.

De guerrilheiro a presidente

Após a redemocratização, Mujica foi eleito deputado e senador. Casou-se oficialmente com sua companheira de décadas, a também ex-militante e senadora Lucía Topolansky. Em 2009, foi eleito presidente do Uruguai, cargo que ocupou entre 2010 e 2015.

Durante seu governo, promoveu reformas históricas, como a descriminalização do aborto, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a derrubada da Lei da Anistia.

Economicamente, assumiu o país com um PIB anual de US$ 32 bilhões. Ao fim de seu mandato, o valor havia praticamente dobrado, ultrapassando os US$ 61 bilhões.

O presidente mais humilde do mundo

Ficou conhecido internacionalmente como "o presidente mais pobre do mundo" por sua vida austera. Mujica recusava luxos, dirigia um Fusca azul, vivia em uma chácara modesta e doava a maior parte de seu salário.

Em uma de suas últimas entrevistas, concedida em janeiro deste ano, anunciou com serenidade que sua luta estava chegando ao fim:

“Quero me despedir dos meus companheiros e dos meus compatriotas. Terminou meu ciclo. O guerreiro tem direito a seu descanso.”

Legado

Mujica deixa um legado de sabedoria, humildade e compromisso com a justiça social, sendo reverenciado como uma das vozes mais autênticas da política latino-americana.

Com informações da Agência Brasil
Adaptação para RTSul: Redação RTSul